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[Resenha] Proibido - Tabitha Suzuma @EditoraValentina

20/07/2015

Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis. Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã. Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.
Que resenha difícil de escrever. Este é aquele tipo de livro que você ama ou odeia, sem meio termo, que te marca e mostra uma linha tênue entre a repulsa, asco e aceitação da situação. Demorei a ler porque sabia que tinha que estar com o psicológico preparado para esta história e do mesmo jeito que o assunto é polêmico esta resenha também pode ser. 

Proibido é um livro que incomoda, afinal estamos tratando de um tabu. Maya e Lochan são irmãos, vivem em Londres com sua mãe e seus três irmãos mais novos. Uma mãe que é alcoólatra, irresponsável, mais preocupada em impressionar o namorado do que buscar os filhos menores no colégio, mais preocupada com o guarda roupa que amar os próprios filhos.

Lochan é o mais velho, com 17 anos, Maya é apenas 13 meses mais nova que ele. Eles assumem naturalmente o papel de mãe e pai e é comovente! Duas crianças cuidando de mais três. Duas crianças sem vida social, que tem que conciliar os estudos com a educação dos irmãos, com a sua saúde, com os horários de lazer, comer e dormir. Com pais ausentes, eles lutam para sobreviver com pouco dinheiro e para esconder de todos que a mãe vive mais bêbada do que sóbria, vivem com o medo constante de perder os irmãos para lares adotivos.

Imaginou o cenário acima? Agora pense na vulnerabilidade destes irmãos com mais um fardo para carregar: o de se sentirem atraídos de forma não natural. Como se lida com estes sentimentos? Como se cala a voz da consciência? Você não necessariamente se torna a favor do incesto, mas a autora coloca a situação em uma narrativa tão surpreendente que não tem como não refletir a fundo sobre o assunto.

Perturbador e triste, muito triste. Como esperar um final feliz de uma situação destas? Qual seria este final feliz? O livro não trata apenas do incesto, ele mostra o quão perdidas e ao mesmo tempo fortes são estas duas pessoas, adolescentes que não tiveram tempo de viver uma infância normal e com um altruísmo invejável. Os dois pensavam nos irmãos o tempo todo, eles vinham acima de tudo e era inacreditável ver as coisas pelo ponto de vista deles sendo que a própria mãe não estava nem aí. Maya e Lochan ao mesmo tempo em que tem traumas e conflitos internos, também tem sonhos e o maior deles é ver a família inteira.


Eu acredito que existe um crime se o desejo ou a situação não é consensual, na vida não dá para julgar tudo preto no branco. Aqui nada foi apelativo, a autora mostrou uma sensibilidade sem tamanho para tratar o tema e fazer o leitor questionar o que é certo e errado. 

Você não sabe se torce pelo casal ou apenas sente compaixão pela situação. Em certas cenas não tem como evitar o nojo se pararmos para pensar em um relacionamento idêntico com o nosso próprio irmão. Não entra na cabeça e é inadmissível!

Lochan funciona bem dentro de casa, é responsável, paciente, atencioso e falante. Fora de casa é outra pessoa, um bom aluno, mas não fala, não socializa e possui vários distúrbios como a síndrome do pânico. As partes narradas por ele são, muitas vezes, difíceis de ler. Ele mostra uma instabilidade e um nervosismo crescente, uma angustia sem fim onde não fica claro para nós leitores como exatamente começou tudo isto na vida dele. 

Ele também se sente deprimido e atormentado, cansado do peso que tem que carregar e aí você pensa: será que se eles tivessem uma família estruturada, uma vida social, existisse uma amizade real fora a que existia entre irmão e irmã, as coisas chegariam a este ponto e teriam o mesmo desfecho? Eles não sabiam se socializar fora de casa, será que não foi cômodo aceitar a atração porque ai não sairiam de sua zona de conforto ao conhecer outras pessoas?

Lochan e Maya já sabiam os segredos um do outro, não tinham que se abrir com mais ninguém e viver na mesma casa tornava as coisas mais fáceis. As mesmas perguntas que eles fizeram foram, em sua maioria, as que eu fiz. Os dois lutam para aceitar o que sentem e ao mesmo tempo ficam tão angustiados que não sabem como resolver uma situação que na cabeça deles não tem solução.

Este é o tipo de livro que abre sua mente para o mundo, que mostra como a vida é injusta e que não importa o quão difícil uma situação pode ser, ela pode sempre se tornar ainda mais difícil. Ele dá uma nova visão sobre as coisas que você nunca pensou. Os personagens são tão reais que fica claro que esse tipo de coisa realmente acontece.

Bem escrito e com um final brutal. O tema é incomum e termina de forma inesperada. Fiquei chocada! Esta é a palavra. Um história que por algum motivo insano você acha que todos devem ler um dia.


A autora transmite toda a desolação e o desespero dos personagens, fiquei de coração partido. Tabitha te faz abandonar os julgamentos preconcebidos e ao mesmo tempo em que os personagens querem ceder a atração e o amor inevitável, eles são realistas sobre sua situação.

Mente aberta e sensibilidade aguçada para começar a leitura, este é o conselho. Favorito? NÃO! Para mim favorito é aquele que vou ler e reler várias e várias vezes... viver a emoção desta historia uma única vez é mais do que suficiente!

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Comentários
5 Comentários

5 comentários

  1. Diana,não tive muita coragem ainda pera ler esse livro e sentir a tamanha carga emocional e moral que ele carrega,já li várias resenhas que me comoveram como a sua trazendo assim o quão forte é essa estória e fico já imaginando o quanto brutal e chocante é esse final.Tomando ainda coragem para ler.Beijos!!!!

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  2. Olá Diana, Blz?
    adorie de mais essa diagramação do livro, achei super top, gosto de quando tem alguns desenhos por dentro do livro, isso me anima na leitura (coisa doida né? ) kkk mas o livro não faz bem a minha
    Bjks

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  3. Olá Diana,
    Menina, sua resenha descreve perfeitamente o sentimento... "perturbador"!
    Fiquei mais de 15 dias de ressaca por conta desse livro!!!
    Mas achei perfeito!!
    Um abração

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  4. Mana pelo visto tenho que me preparar psicologicamente pra ler esse livro porque ler um livro desse não deve ser fácil, tipo ler esse livro vai me fazer pensar no meu irmão e tipo ... somos melhores amigos e não sei o que pensar dessa livro o.o Mas mesmo assim vou ler esse livro para ter uma opinião mais formada pois falar de boca pra fora é fácil né ? Adorei sua resenha e valeu pela sinceridade,

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  5. Olha... não sei, mas acho que não estou numa fase boa para uma carga emocional tão pesada... adoro livros que quebram tabus e apresentam coisas novas e inusitadas, mas, dependendo do tema, não nego que tenho que me preparar psicologicamente para ler. Esse é o caso desse livro! Vc teve bastante sensibilidade em sua sinopse e fez-me ter vontade de, um dia, encarar a história... um dia...

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